O Projeto Piabanha é regido pela Associação de Pescadores e Amigos do rio
Paraíba do Sul, uma organização da sociedade civil de interesse público
municipal, sem fins lucrativos, fundada no ano de 1998, com sede e foro na
comarca de Itaocara, município da região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
As
atividades da organização são desenvolvidas no Projeto Piabanha Centro
Sócioambiental, que está localizado no Centro Estadual de Pesquisa e
Desenvolvimento da Pecuária Leiteira – PESAGRO RIO, em Itaocara – RJ, no
distrito de Campo de Sementes.
São 4 ha
de área cedida através de Termo de Comodato – parte do convênio existente entre
ambas organizações, desde 2004, e 12 (doze) tanques de terra, perfazendo 9.900
m² de lâmina de água divididos em tanques de alevinagem e acondicionamento de
reprodutores.
Atualmente,
a organização possui o maior plantel de espécies de peixes nativos do rio
Paraíba do Sul.
A Estação
também conta com o Setor de Conservação da Fauna Aquática para reprodução
induzida e pesquisa científica, contendo tanques de reprodução e sala de
pesquisa voltada para o monitoramento da ictiofauna (fauna de peixe) e
acompanhamento ontogênico de ovos e larvas de peixes do Paraíba do Sul; estrutura
que também é utilizada no processo de reprodução de peixes.
A sala de
incubação de ovos, larvas e pós-larvas, tem capacidade para acondicionar 14
incubadoras.
Toda essa
estrutura é utilizada para ações de educação ambiental com escolas municipais,
estaduais e particulares do município e da região, além de universidades, bem
como para o desenvolvimento das pesquisas científicas realizadas pela
organização.
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DOS TANQUES
A casa de bombeamento possui um motor elétrico acoplado a uma bomba hidráulica com vazão de 42 litros por segundo, localizado às margens do rio Paraíba do Sul, com objetivo de suprir o canal de abastecimento primário. Este canal conduz a água até as redes secundárias de abastecimento, localizadas perpendicularmente às cabeceiras dos novos tanques.
SISTEMA DE DRENAGEM DOS TANQUES e GESTÃO AMBIENTAL
A lei federal brasileira 6.938 de 31 de Agosto de 1981 que trata do meio ambiente define no seu artigo 3º o que é poluição:
Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta e indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Contaminação se dá quando as águas possuem substâncias tóxicas ou contém organismos patogênicos que podem ser transmitidos à fauna, flora e aos humanos.
O princípio básico para se diminuir a poluição é o processo de sedimentação pelo uso da gravidade pelo qual são depositados os poluentes. Em menor extensão temos a infiltração de nutrientes solúveis no solo e a estabilização biológica e química dos nutrientes conforme Estado de Virginia, (1992) apud. Plínio Thomaz, Poluição Difusa, Navegar Editora (2006).
Na sedimentação é possível a deposição de até 50% de fósforo das águas pluviais e os materiais particulados de fósforo se depositam no fundo, enquanto o fósforo dissolvido é sedimentado por meio da infiltração.
Na área do Projeto não há necessidade de dispositivos para interceptação de materiais flutuantes como lixo e afins.
Do grupo de opções do Projeto, escolhido entre as BMPs (Best Management Practices) e relacionado aos processos biológicos e químicos:
Todos os tanques são drenados por intermédio de tubos, interligados ao canal de drenagem principal que perfaz 460 metros lineares. Este canal possui forma trapezoidal e é recoberto por taboa objetivando a assimilação de fósforo e nitrogênio, assim como a retenção de sólidos em suspensão.
A remoção dos poluentes solúveis na área do Projeto é feita através de mecanismos químicos e biológicos para a estabilização dos nutrientesutilizando-se as atividades biológicas de certas espécies de plantas e outros organismos aquáticos. O canal de drenagem recoberto com taboa deságua numa bacia de retenção ou detenção alagada com aguapé (Eichhornia crassipes) e salvínia (Salviniasp.)
Em geral, as espécies com estruturas finas e densas são desejáveis, pois provaram ser mais eficientes na adesão das substâncias coloidais à vegetação. Os nutrientes na sua forma solúvel são frequentemente adsorvidos pelos sedimentos e pelas plantas epfíticas existentes nas macrófitas e o mecanismo de remoção envolve processos químicos e biológicos (Plínio Thomaz, 2006).
No Brasil, as extensas regiões litorâneas são amplamente ocupadas por macrófitas, as principais responsáveis pela produtividade biológica dos sistemas aquáticos. Por necessitarem de alta concentração de nutrientes para o seu desevolvimento, as macrófitas aquáticas são utillizadas com sucesso na recuperação dos rios e lagos poluídos. Suas raízes podem absorver grandes quantidades de substâncias tóxicas, além de formarem uma densa rede capaz de reter as mais finas partículas em suspensão.
Monitoramento
Como prática de manejo (BMP) os técnicos do Projeto verificam o funcionamento e a performance dos tanques e demais estruturas através de monitoramento. Há mais de 10 anos existe um sistema diário e contínuo de observações e limpeza dessas estruturas que se refletem na integridade das espécies dos peixes ali alojadas.
A integridade dos alevinos, juvenis e demais peixes estocados nos tanques do Projeto, sobretudo as espécies nativas, mais sensíveis e que demandam maiores cuidados, são indicadores da boa qualidade da água.
O caminho da água
Há o monitoramento e limpeza, em geral realizados mensalmente, de acordo com a necessidade, do caminho percorrido pela água através da trincheira com taboa – uma faixa de filtro destinada a melhoria da qualidade da água. A água passa, portanto, por um primeiro estágio de depuração, até alcançar a segunda fase de depuração ao ser lançada na bacia de decantação com macrófitas aquáticas.
A água sai e retorna ao Rio Paraíba do Sul melhor depurada que na entrada, conforme os resultados da análise anexa, e de acordo com os parâmetros exigidos pela Resolução CONAMA 357.
FINALIDADE DA ESTAÇÃO DO PROJETO PIABANHA CENTRO SOCIOAMBIENTAL
A infra-estrutura da Estação proporciona a realização de inúmeros programas de qualidade ambiental, sendo alguns em parceria com instituições científicas, organizações e universidades. São eles:
· Programas de mobilização e conscientização popular;
· Programas de capacitação de professores das escolas públicas e privadas com a rubrica do MEC;
· Programas de preservação e restauração da mata ciliar;
· Programas de reforços de estoques de espécies de peixes nativas e ameaçadas de extinção;
· Levantamento da flora;
· Levantamentos da fauna íctica;
· Levantamento do potencial pesqueiro;
· Levantamento dos atributos ecológicos do domínio das Ilhas Fluviais;
· Publicação de teses de mestrado e doutorado;
· Programas de apoio ao pescador artesanal;
· Programas de apoio ao produtor rural.